E nosso abraço se encaixava, como caixas encaixadas em pilhas de mudança. E os braços se abraçavam, como se tentassem completar um quebra-cabeças de gente. Gente que busca com os braços abraçar o sentimento que escapa pelos dedos e não quer ir embora. E os mesmos braços desembaraçam o caminho por entre as caixas de mudança e as espalham pelo chão de madeira do quarto seu. Quanto maior a bagunça, mais a demora pelo que tanto temem mudar. Mal sabem os braços que a mudança não implica em despedida. Mudança não implica em despedida. E encaixotamos os sentimentos em abraços apertados, com um quê de despedida, mas não nos deixamos despedir. Porque nosso abraço, vida minha, se encaixa. E o que se encaixa não deixa de desencaixar. Nunca mais. Em nosso abraço cabe o mundo, e no meu cabe você.