O celular vibra. E vibra a visão, a audição, o olfato, o paladar e vai descendo até completar o percurso completo do meu tato. Da cabeça aos pés, todos os meus sentidos entram em um abalo sísmico, que parece querer alcançar 10 graus na escala Ritcher. E aí você soa. Soa com uma leveza tão grande, que cada nota de seu soar anda com passos breves até chegar dentro de mim. E eu me acalmo. Sentidos ainda abalados, porém, calmos. Tudo ainda bagunçado, mas você se faz tão sublime, com sua voz pura e rouca, que nem de pés para o ar eu conseguiria não estar calma. E suas notas anunciam que você queria conversar mais, mas que seus sonhos insistem em puxá-la para dentro deles. E sua respiração se torna intensa, como se estivesse quase vivendo o adormecer. Desculpa-se pela moleza, diz que me ama e o telefone emudece. Boa noite, meu amor.
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