Domingo, Shopping Iguatemi, 20:15, pós Era do Gelo 2. O irmão vai comprar comida. Eles ficam a sós. - Pai! E ela se liberta. - Hum. - Eu preciso conversar com você. - Conversar comigo? - É. - Sobre o quê? - Sobre mim. E ele se aproxima. - Sobre você? obs 1: péssima mania que as pessoas têm de repetir as frases tornando-as interrogativas. - É que eu preciso de um apoio... Em casa só o Guto me apoia. Porque a mãe não aceita. E os olhos se enchem de lágrima. - E se eu te disser que o que você vai falar, eu já sei? - Já sabe? Como já sabe? - Eu já sei. Bem, talvez eu esteja sendo preciptado... Você vai falar sobre a sua opção sexual? - Uhum... - Filha, eu já sei faz tempo! E ela não sabe se desaba, se sorri. Respira. - Quem te contou?! Eu juro que não ligo se alguém te contou! - Ninguém precisou me contar. Sua mãe veio falar sobre isso comigo há algum tempo, mas eu já sabia. - Então como você sabe? - Ué, sei lá, seu jeito, algumas atitudes, eu sou seu pai, eu percebo as coisas. Eu pensei que eu tivesse deixado transparecer que eu sabia. - Não deixou. - Desculpa. Se eu soubesse que isso estava te fazendo tanto mal, eu teria falado que sabia. Porque não é pra você ficar mal. É uma coisa normal. - E eu tenho uns traumas com homem. - E você acha que é por isso que é assim? - É... também... - Eu não acho, não. Eu acho que é uma coisa natural, normal. Você não escolhe de quem gosta. E ela sorri muito! - Também acho! - Você tem o meu apoio.
Isso é só 1/5 do que foi a magnífica conversa que eu tive com o meu pai. Ele falou da minha ex, falou das minhas amigas, disse que se quando eu estiver com alguém, eu quiser levá-la para sair com a gente, pode, disse tantas coisas que eu até me perco. Ainda não estou acreditando que foi real. Acordei com medo que tivesse sido um sonho, mas não foi.
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